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A classe trabalhadora ainda vai voltar a governar o país, diz o ex-ministro José Dirceu para CNM/CUT

Na última reunião do ano da Direção ampliada da CNM/CUT também teve retrospectiva, debate sobre a importância do auxílio emergencial para economia, guerrilha digital e dos desafios da comunicação sindical

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi uma das presenças importantes nessa manhã de debates da última reunião da Direção ampliada da CNM/CUT, que acontece nesta quarta-feira (9) e quinta-feira (10), de forma virtual.

Numa fala de aproximadamente 30 minutos, no primeiro dia do encontro, além de dizer a importância dos sindicatos trabalharem na base, dentro das fábricas e territórios onde estão a classe operária, o ex-ministro falou otimista que classe trabalhadora ainda vai voltar a governar o país. Dirceu relacionou as lutas do passado, em momentos conturbados como o que estamos vivendo, e disse que ainda há esperança.

“Em grandes períodos históricos a classe trabalhadora construiu organizações e foi reprimida. Nos 21 anos de ditadura eles atacaram o movimento sindical, demitiram milhares de trabalhadores das fábricas, cassaram os dirigentes sindicais, prenderam, assassinaram. A classe trabalhadora se levantou e quatro vezes elegeu o Presidente da República dela”, lembrou.

José Dirceu ressaltou a importância da retomada dos direitos políticos do ex-presidente Lula, que foi vítima de um lawfare.

“Isso não é um problema do PT, da CUT ou dos movimentos sindicais. Esse é um problema da democracia brasileira. Nós não podemos aceitar”.

Após fazer uma análise das derrotas eleitorais de 2016 e 2018, ele também falou sobre como o crescimento de um pensamento retrógrado e elitista no país acabou elegendo um péssimo governo. E chamou as organizações trabalhistas a construírem, em 2021, um grande movimento contra o Governo Bolsonaro. “Nas grandes cidades a rejeição ao Bolsonaro cresce. Nós vamos ter que fazer protestos, agitar a classe trabalhadora”.

José Dirceu encerrou sua fala se mostrando otimista com o futuro, ressaltando que a classe trabalhadora ainda vai voltar a governar o país.


Retrospectiva e luta

Mediado pelo Secretário- Geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, o encontro começou com a exposição de um vídeo que trouxe uma retrospectiva de ações e trabalhos da Confederação ao longo do ano.

Um vídeo ilustrativo sobre a Campanha Salarial 2020 foi apresentado na atividade. O presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, o Paulão, ressaltou a importância de todas essas atividades e da existência das organizações trabalhistas diante da pandemia e do enfrentamento a um governo que claramente não está ao lado da classe trabalhadora.

“Nosso trabalho está sendo feito em todas as áreas. Nossa combatividade tem que ser preservada, principalmente diante da atual conjuntura.”, frisou.


Guerrilha digital

Paulão lembrou o momento complicado em que vivemos e que isso acabou tirando muitos de nós da luta nas ruas, mas que o embate permaneceu por uma outra via importante: a internet.

“Para mim, soldado bom é soldado vivo. Precisamos manter o cuidado com a saúde mas sem desistir do enfrentamento. Um novo elemento na luta é a guerrilha digital. A direita já se apropriou dessa arma. Nós precisamos aprender também.”


Desafios da comunicação sindical

Um tema bastante comentado no primeiro dia de encontro foi a comunicação das organizações trabalhistas e as novas ferramentas digitais nessa área.

O Secretário de Comunicação, Heraldo da Silva Ferreira, apresentou um vídeo de alguns trabalhos realizados pelo setor e falou sobre a importância de investimento nessa área.

“A secretaria de comunicação está construindo alternativas pra que a gente possa continuar nossas lutas enfrentando e combatendo os desmontes e a necropolítica do governo federal”, disse.

Heraldo chamou a atenção para a necessidade de manter a comunicação de todos os sindicatos integrada, fazendo pontes e construindo juntos uma narrativa que possa de fato disputar o território digital com a direita.


Pautas dos trabalhadores e Lula

O presidente da CNM/CUT ainda fez questão de enfatizar que os dirigentes sindicais têm que abraçar as pautas da esquerda que influenciam diretamente na vida da classe trabalhadora, como a luta contra o racismo, a homofobia, o machismo e o extermínio da juventude periférica.

E não deixou de lembrar da liberdade de Lula. “O presidente Lula está solto, mas não está livre. Precisamos repetir todos os dias que ele tem que recuperar os seus direitos políticos.”


Dados da Campanha Salarial

Dando sequência ao encontro, a pesquisadora do DIEESE, Renata Miranda, apresentou dados das últimas campanhas salariais da categoria. De acordo com ela, 40,8% dos aumentos salariais conseguiram obter ganho real acima do INPC do período, 32,4% mantiveram o INPC e 26,4% tiveram reajuste abaixo do índice.

“As greves nos primeiros meses da pandemia caíram drasticamente comparado com 2019. Porém, no meio do ano começamos a ver o que chamamos de greves sanitárias: trabalhadores se recusando a exercer suas funções sem a segurança diante do coronavírus”, explicou.

Renata disse que “a pandemia atingiu a categoria metalúrgica de forma bastante heterogênea, mas que no geral as negociações foram bastante complexas”. E concluiu que “o movimento sindical tem que se manter firma para continuar garantindo os direitos dos trabalhadores.”


A economia e o auxílio emergencial

Adriana Marcolino, pesquisadora do DIEESE, apresentou dados e informações sobre a conjuntura econômica. Segundo ela, o auxílio emergencial foi fundamental para que a economia não declinasse ainda mais. “A situação só não é pior porque o auxílio emergencial protegeu 67,2 milhões de pessoas no Brasil”, pontuou.


*Matéria escrita com apoio da Mônica Cury, jornalista do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região

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